São João de Meriti - As guias coloridas se destacam no branco da roupa. O ambiente consagrado, o gongá, altar sagrado, impecável, tudo pronto para cultuar aos orixás. O cenário descrito faz parte do ritual de umbanda, que agora, além de religião, é patrimônio cultural imaterial, em São João de Meriti. A lei foi sancionada há duas semanas e surgiu, principalmente, para combater o preconceito. “Estamos sempre em luta para combater a intolerância. Esta lei veio para conscientizar, é um passo fantástico e que fortalece o movimento umbandista. As pessoas vão conhecer mais a religião”, afirma Marcos Xavier, presidente do Movimento Umbanda do Amanhã (MUDA).
Nos templos, terreiros ou centros, a umbanda, termo que significa “curandeiro” na língua banta, falada na Angola, prega a caridade e o livre arbítrio. “As pessoas estão aprendendo a nos respeitar, mesmo que ainda haja preconceito. Temos um trabalho social importante na sociedade e isso tinha que ser reconhecido”, diz Marilena Mattos, que há 32 anos dirige a Casa de Claudia, tradicional centro de Meriti.
Apesar do avanço, há quem ainda olhe com desconfiança para a medida. “É claro que é bom para a religião, não sou contra, mas fico preocupado: se todas as religiões quiserem o mesmo?”, questiona Jorge dos Santos, morador de Meriti, que afirmou não seguir nenhuma religião.
No texto, a umbanda, além de ser considerada bem cultural imaterial, torna-se obrigatório o cadastro dos terreiros de umbanda na cidade. “Temos diversos terreiros de umbanda em São João de Meriti, eles contribuem para o desenvolvimento de políticas públicas e são símbolos culturais. Acredito que o reconhecimento da religião levará conhecimento sobre suas práticas e isso ajudará a diminuir a intolerância religiosa”, ressalta o autor da lei, o vereador Alfredo Queiroz.