É chamado de demanda o ato de direcionar determinada energia a uma pessoa ou a um grupo de pessoas. A prática da magia pode ter objetivos positivos ou negativos, tudo vai depender da intenção daquele que a inicia, ou seja, daquele que a dispara.
Nesse pequeno texto, nos ateremos aos efeitos do feitiço ou magia com objetivos negativos.
Muito se discute quanto à eficácia desse tipo de prática, nós, particularmente, acreditamos que há, porém, há uma observação a ser feita.
Para que a demanda tenha êxito, é necessário que seu destinatário esteja vulnerável a ela.
Esse estado de vulnerabilidade, ao contrário do que se possa imaginar, tem pouco a ver com a falta de elementos de proteção, como patuás, firmezas, assentamentos, etc., também tem pouco a ver com a condição, quantidade ou força de guias espirituais que a pessoa possa ter. Na verdade, a vulnerabilidade tem a ver com a condição psíquica e das condutas adotadas pela pessoa, vítima da demanda.
Sabemos que para que um fio condutor de energia tenha sua função exercida, é necessário que uma de suas pontas seja conectada a uma fonte de energia e que na outra ponta haja um aparelho que seja capaz de receber a energia conduzida por ele, daí o nome “fio condutor”.
Imaginemos que ao conectarmos uma das pontas do fio condutor à tomada, ele receberá certa carga de energia a qual será conduzida até sua outra extremidade, se nessa outra ponta não houver um aparelho ou, mesmo havendo, esse aparelho não for apto a receber a energia conduzida pelo fio, nada acontecerá. Por outro lado, se alguém que não observar os devidos cuidados e tocar na extremidade do fio, sofrerá choque como consequência da descarga elétrica ou, se conectarmos um aparelho elétrico apto, este irá ser posto em funcionamento.
Compreendido dessa forma, passamos a analisar como uma pessoa torna-se vulnerável aos efeitos de uma demanda.
Com o exemplo do fio elétrico, podemos concluir que nenhum mal poderá sofrer alguém a quem, eventualmente, possa ter sido projetada uma demanda, caso esta pessoa não esteja vulnerável aos efeitos dela. Por outro lado, estando em estado de vulnerabilidade, é certo que sentirá seus efeitos.
Vamos nos ater, nesse nosso ensaio, àquele que, por ventura, está nesse estado, ou seja, no estado a que chamamos de vítima vulnerável.
Tendo descoberto que foi vítima de uma demanda, a maioria das pessoas tem o desejo, quase que imediato, de vê-la revertida contra a quem a demandou. Todavia, poucos vão parar para pensar e refletir de o porquê terem a recebido.
Isso mesmo! Parar para pensar e refletir sobre o motivo pelo qual a recebeu.
Ora, nada no Universo é à toa, nada é permitido por Deus e pela espiritualidade sem que houvesse uma finalidade positiva.
Quando recebemos uma demanda, temos a oportunidade de refletirmos sobre nossos atos, nossos pensamentos e sobre nossa forma de viver.
Num primeiro momento, é necessário, por certo, a ativação de forças para a anulação dos efeitos da demanda e também tomar providências para romper os fios energéticos disparados contra nós, porém, num segundo momento, é necessário que se compreenda a importância de iniciar um processo de autocrítica, um olhar para si, na busca do entendimento de nosso estado de vulnerabilidade.
Muitos culpam suas próprias Entidades, seus Guardiões ou, até mesmo, os Orixás, por terem os virado as costas, deixando-os a própria sorte. Poucos, no entanto, irão admitir que se tornaram vulneráveis por si só. A isso eu chamo, ironicamente, de: “terceirização da responsabilidade”.
Após livrar-se dos efeitos de uma demanda, é necessário refletir, é necessário se auto analisar, é necessário buscar a autotransformação para que, de fato, não volte a sofrer com uma nova demanda.
Analisado dessa forma, é nítido que uma demanda possibilita oportunidade de autoconhecimento e reforma íntima. Pensar o contrário é não crer na misericórdia e bondade divina.
Portanto, ao se livrar de uma demanda, analise os motivos pelos quais se tornou vulnerável, como, por exemplo: Quais tem sido seus pensamentos? Como tem agido? Onde tem fracassado em seu amadurecimento?
Após refletir e encontrar as respostas é hora de modificar aquilo que é preciso, para que você não permaneça nesse estado de vulnerabilidade.
A vingança, por certo, não é o caminho adequado. Melhor é deixar que a Lei Maior e a Justiça Divina atuem.
Se atenha em você, aproveite para se olhar e iniciar o trabalho de auto reforma. Não há mal que não se transforme em bem, o que muda é o ponto de vista.
Bruno Stanchi
Sacerdote, Dirigente do Templo de Umbanda Sagrada XV de Novembro e eterno aprendiz.